Grêmio Libertador

A velha história

Se tem uma coisa que me irrita é SALTO ALTO. O time está lá, batalhando, conseguindo os resultados e aí vê um time menos qualificado e pensa “ah, esse a gente ganha no embalo”. Não funciona assim. Até o Renato entrou no oba-oba e disse, no intervalo: “vamos ver se conseguimos um empate”. EMPATE? EMPATE? Contra um time que o único atacante é um gordo com PEITINHOS? Um time formado de dispensados por times grandes? Não dá. Vestiram legal o sapato de salto alto e caíram lá de cima. A parte boa é que nem terminou o primeiro turno, ou seja, há tempo para recuperar esses três pontos perdidos (sim, perdidos). Mas a pergunta que não me sai da cabeça é: como não repetir isso?

Mal resultado em Goiânia – Foto do Flickr do Grêmio

O que acontece quase todo o mundo sabe. Dois amigos trocaram ideia comigo ontem e deram suas versões do que achavam que tinha acontecido. O Francisco Baccega chamou a atenção de que os jogadores amassaram muito nos cinco jogos que ganharam e têm jogado sem descanso. O que é um bom motivo, embora ele mesmo reconheça que não justifica. O Fabricio Alessio falou em outro tipo de cansaço, o psicológico, de se exigir demais dos jogadores nos outros jogos e eles relaxaram neste. Acho que eles têm razão, mas isso é o que leva ao famoso salto alto. Descanso vem nas férias. Não tem como afrouxar a corda e não precisar de sorte para ser campeão. No momento que tu não leva um jogo à sério, a chance de perder é grande. E tem que ter sorte pro cara que tá na tua frente também ratear.

Mas como não se repetir? Não vejo uma maneira de se resolver isso no curto prazo. Acho que é uma questão cultural. O Renato tem isso e eu vejo como defeito: eleger um time e chamar ele de “titular”. O defeito é do futebol brasileiro, todo o treinador faz isso. É uma maneira de manter a concorrência, claro. Mas também cria um círculo de poder que é difícil de ser quebrado. O time está cansado? Não tem tesão pra jogar contra o Goiás? Bota quem tá no banco. Dá uma folga pra quem está mentalmente ou fisicamente cansado. Mantém o time nos cascos. Tem um monte de guri com vontade de correr, tem gente querendo mostrar seu valor. O problema é: correr atrás do quê? De ser titular. E aí a coisa complica. Se ele vai bem, não dá pro cara poupado simplesmente voltar. E como é que o cara que vai pro jogo vai com tesão se sabe que vai ser só uma noite?

É um grande problema e eu não sei bem como resolver. É menos patente na NFL, por exemplo, onde vários jogadores entram e saem do jogo dependendo da ideia do treinador. Na Premier League os jogadores não se consideram titulares (exceto as estrelas), apenas contam as suas participações nos jogos do ano, embora a base do time pouco mude. O Barcos já disse várias vezes que são 30 jogadores no elenco e cada um pode desempenhar o papel para o time se dar bem. Mas será que ele aceita um banco por uma característica diferente em um jogo?

Se conseguíssemos formar uma maneira de reconhecer a importância do atleta independentemente do jogo, teríamos um diferencial e tanto. A possibilidade de variar a equipe aos poucos deixaria todos com ritmo e pernas até o final da temporada. Quase uma utopia, reconheço. Mas, enquanto não conseguimos algo assim, que pelo menos  a MERDA DESSE JOGO seja um exemplo. Que o avante de tetas seja um fantasma para o restante da temporada.

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