Grêmio Libertador

O dia em que perdi os dedos

São 11h30. Da manhã. O jogo começa daqui a pouco.

Dormi mal. Quebrei o abajur com um tapa no meio da noite.

Acordei com dor nas pernas, como se tivesse passado a noite jogando futebol.

E acho que passei.

Já roi todas as unhas. E a carne do recheio.

Confesso, estou nervoso. Pessimista. Mas não estou vencido.

Como meu amigo Choque brilhantemente inventou, hoje eu estou em TPJ.

A TPM dos homens.

A tensão pré-jogo que domina todos aqueles que adoram futebol, mas acima de tudo amam seus clubes.

Aquela sensação de desconforto que te persegue durante todo o dia, que corroi o estômago e se concentra na garganta seca por um grito de gol.

E o jogo dessa noite vai ser encardido.

O melhor ataque do Brasil, as estrelas do atual futebol brasileiro, o talento ofensivista que encanta aquelas pessoas que, como eu, gostam de ver um futebol bonito, o drible, o lançamento, o domínio e o gol. Os meninos da mídia, injustiçados, preteridos pelo anão turrão e defensivista…

Tudo isso contra a nossa defesa reserva: um lateral improvisado, dois zagueiros de baixa velocidade… Jovens (porque pra mim abaixo de 33 todo mundo é jovem) que carregam nos ombros o peso de toda uma paixão.

Apesar de tanto peso, tanta pressão, eles tem um bônus: a IMORTALIDADE.

Este ENTE que poucos torcedores entendem, principalmente aqueles que torcem pra outras cores.

Este RAIO que insiste em cair quando o IMPROVÁVEL teima em comparecer.

Esses jovens, imortais ou não, preparados ou não, vão lutar.

Vão vestir seus mantos sagrados e deixar o sangue em campo.

Vão dividir cada lance como se fosse o último.

Vão tirar o pé somente quando o juiz já tiver parado o jogo e o carro-maca ameaça invadir o campo.

Mas, infelizmente, nem sempre isso basta pra conqusitar o resultado.

Por tudo isso, hoje vai ser uma noite inesquecível. Ou que faremos questão de esquecer.

Uma noite pra ser cantada, ou simplesmente lamentada.

Uma noite dificil. Pra não dizer impossível.

Por isso, mesmo de longe, não bata na mulher. Não brigue com o chefe. Não maltrate o cachorro. E principalmente, não xingue os jogadores. Apoie até o final, e mesmo depois do final.

Porque, apesar de tudo – E POR TUDO – o que já foi escrito, VAI SER UMA NOITE COM A NOSSA CARA…

Rumo ao PENTA!

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